A tuneladora Cora Coralina, a maior em operação na América Latina, finalizou a primeira etapa das escavações para a expansão da Linha 2-Verde do Metrô de São Paulo. O avanço foi marcado pela chegada da máquina ao poço Falchi Gianini, nas proximidades da estação Vila Prudente, encerrando um trajeto de 4,5 km que resultou na construção de 3,7 km de túneis. A engenheira civil Sherry Romanholi, que opera a tuneladora, participou em março do 6º Congresso Brasileiro de Túneis e foi entrevistada pela equipe de comunicação do CBT. Veja link ao final da reportagem.
Durante esse percurso, a tuneladora atravessou os locais onde serão implantadas as futuras estações Orfanato, Santa Clara, Anália Franco e Vila Formosa, além de ter passado pelo Complexo Rapadura, com seus respectivos poços de ventilação. Nesse processo, foram escavados quase 400 mil metros cúbicos de solo e instalados mais de 2.400 anéis de concreto, responsáveis pelo revestimento da estrutura subterrânea.
Agora, Cora Coralina será desmontada no próprio poço onde encerrou sua jornada. A desmontagem deve levar até seis meses e permitirá que os componentes da máquina sejam transportados para o canteiro da estação Penha. Lá, ela será remontada e iniciará a segunda fase das escavações, seguindo em direção ao Complexo Rapadura.
Com cerca de 100 metros de comprimento, 2.500 toneladas e uma roda de corte de 11,66 metros de diâmetro, a tuneladora tem capacidade para escavar e revestir até 15 metros por dia. A expansão da Linha 2-Verde prevê a criação de 8,3 km de trilhos e oito novas estações, com investimento total de R$ 15 bilhões. A expectativa é beneficiar mais de 1,2 milhão de usuários diariamente, promovendo maior integração com outras linhas e ampliando a eficiência do sistema metroviário da capital paulista.
Responsável pela operação da tuneladora, a engenheira civil Sherry Romanholi compartilhou com o CBT detalhes de sua trajetória profissional e da rotina à frente de uma máquina de grande porte como a Cora Coralina. Formada em engenharia civil, Romanholi iniciou sua carreira como auxiliar de engenharia e, ao longo do tempo, passou por diferentes funções até se tornar piloto da tuneladora.
“Entrei na obra como auxiliar, lidando com contratações e montagem da fábrica de aduelas. Depois fui inspetora na área de projetos e estruturação do canteiro, e mais tarde comecei a trabalhar dentro do túnel, inspecionando os anéis de concreto”, explicou.
Ela descreve o cotidiano dentro da máquina como intenso e altamente técnico. São oito horas de escavação diária, com constante monitoramento das condições ao redor e do funcionamento de todos os sistemas. “É preciso atenção, cuidado e conhecimento. Mas o ambiente é muito acolhedor, graças às pessoas que estão ali com a gente. Formamos uma equipe de cerca de 150 profissionais trabalhando diretamente dentro da tuneladora.”
Além da operação da máquina, Romanholi participou do 6º Congresso Brasileiro de Túneis, onde foi convidada para integrar uma mesa de debates. “Foi muito gratificante dividir essa experiência e ver o interesse dos jovens pelo setor. Espero que cada vez mais pessoas se inspirem e conheçam esse campo de atuação”, destacou.
Assista a entrevista completa com Sherry Romanholi: