A live abordou as mulheres na área de escavações subterrâneas.
No mês das mulheres, o Webinário CBT foi dedicado a elas. Organizado pela geóloga Daniela Garroux, tesoureira do CBT, a mesa-redonda Mulheres na área de escavações subterrâneas foi um sucesso. A live aconteceu no dia 25/3, pelo canal do CBT no YouTube, e recebeu sete representantes femininas do mundo dos túneis.
Além das sete convidadas, a mesa-redonda recebeu um vídeo com uma mensagem gravada especialmente para o evento pela Jenny Yan, presidente da ITA-AITES, a associação internacional de túneis, e primeira mulher a ocupar este cargo. Assista ao vídeo de Jenny Yan, presidente da ITA-AITES.
Confira à gravação da live abaixo:
No início da apresentação, Daniela mostrou em gráficos que a presença de mulheres na área de engenharia e, especificamente, na área de túneis ainda é pouco expressiva do ponto de vista quantitativo.
Segundo dados levantados pelo CBT, há aproximadamente 11% de mulheres tuneleiras no mercado brasileiro. O CREA sinaliza que, no Brasil, 18% dos profissionais de engenharia são mulheres. Na universidade a situação é semelhante, dentre os estudantes da Escola Politécnica da USP, por exemplo, 18,86% são mulheres na graduação, 26,4% são estudantes de pós-graduação e 13,5%, professoras.
A Grécia foi o país com maior participação das mulheres na indústria tuneleira, com 38% de presença feminina no setor, seguida da Alemanha, Noruega, Itália e Holanda, segundo os dados das nações-membro da ITA-AITES que contribuíram para a pesquisa.
Entre pioneiras e a nova geração
Você sabia que a fundação do CBT teve a participação deuma tuneleira em 1990? A engenheira Vera Sardinha trabalhou pela criação e organização do Comitê, estando vice-presidente na primeira diretoria.
No bate-papo, as pioneiras e as integrantes da nova geração da engenharia comentaram como foi a trajetória de cada uma e de que forma ganharam reconhecimento no ambiente de trabalho.
Paula Maia, coordenadora de anteprojeto civil e traçado do Metrô de São Paulo, diz que na época que iniciou no metrô, muitas vezes sua opinião não era levada em consideração. “Depois de alguns argumentos, no entanto, era nítida a mudança de postura dos participantes da reunião em relação as minhas colocações”.
As convidadas também contaram como a mulher é tratada em empresas ligadas à engenharia. Maria Beatriz Fernandes, diretora-presidente da Empresa Brasileira de Engenharia de Infraestrutura, e Maria Clara Galocha, gerente de engenharia na ENGETEC, explicaram que nunca se sentiram ameaçadas. Muito pelo contrário, sempre se sentiram bem aceitas e destacaram o cuidado e o respeito que os homens têm por elas. “A imposição conta bastante nessa parte”, afirma Maria Clara.
Loly Rodriguez, coordenadora de produção da Acciona, relata que na Venezuela a situação se repete. “Para fazer túneis, é necessária uma rede de apoio para que tudo aconteça, por isso é muito normal encontrar colegas mulheres e homens”, ressalta. “A mistura de informação entre os gêneros é o sucesso de uma obra”, pontua.
Magali Gurgueira, geóloga projetista e consultora da MaisGeo/CJC, relatou que desde o início de sua carreira foi liderada por mulheres. Hoje, dentro de sua equipe, há uma mistura de homens e mulheres contratadas por ela. “Faço parte de uma geração que a presença feminina é intensa”, conclui.
Danielli Ferreira, engenheira geotécnica da Vale, afirma que na mineração é um pouco diferente, pois não há muitas mulheres na área. “Há engenheiras que trabalham comigo, mas a participação das mulheres na mineração ainda está crescendo”.
Maria Cecília Guazzelli, sócio-diretora da MCG Consultoria e Projetos, concluiu que apesar da época da faculdade ter um número muito baixo de mulheres, hoje as mulheres possuem uma presença muito mais forte na área. “Mesmo quando eu era mais nova, os peões sempre tiverem muito respeito por nós. Acho muito bacana esse posicionamento”.
Convidadas
Mulheres, engenheiras e donas de si. As sete convidadas da live estão na ativa até hoje e são profissionais respeitadas no mercado. São elas:
Daniela Garroux afirma que convidou mulheres com currículo de peso e muita experiência. Ela explica que, no mercado de túneis, nem todas as profissionais têm o mesmo empoderamento que as convidadas. “Acho que a importância do evento é justamente isso. Muitas mulheres me escreveram depois contando que foi uma inspiração o que escutaram”.
Comentários Pós-live
A engenheira Maria Clara afirma que foi muito gratificante participar do evento com um time tão diversificado. “Na minha opinião, a escolha das participantes teve uma mescla muito interessante por buscar profissionais do mercado privado, público e de empresas de diferentes segmentos, construindo uma discussão bastante rica e divertida, com visões distintas”.
Garroux acredita que a mesa-redonda serviu de inspiração a outras mulheres, principalmente as que estão começando. “Acho importante o CBT promover esse empoderamento das mulheres”.
Para Maria Beatriz, “esse evento mostrou que quando as mulheres têm competência e acreditam em si, não precisam de ajuda nenhuma por parte dos homens”. E completa, “elas ocupam o melhor lugar tranquilamente”.
(Imagem: Ridofranz/iStock.com)