Obras subterrâneas fazem a diferença na transformação do Rio de Janeiro para os jogos Olímpicos 2016
O Brasil, como outros países que sediaram eventos esportivos mundiais, lançou mão das soluções subterrâneas que se mostram extremamente competitivas e sustentáveis ao longo de seu ciclo de vida. A aplicação destas soluções tem muito espaço para crescer no Brasil, que dispõe de uma comunidade técnica altamente capacitada e qualificada, além do fato de que hoje, a Presidência da Associação Internacional de Túneis e do Espaço Subterrâneo – ITA (InternationalTunnellingand Underground Space Association) é ocupada por um brasileiro reconhecido internacionalmente por sua carreira acadêmica e profissional desde abril de 2016 com a eleição do Professor Tarcísio B. Celestino para Presidente da ITA 2016-2019. Onde o Brasil já tem um histórico com a Presidência do Professor André Assis.
Nos subterrâneos da cidade
As obras “abraçaram“ o Rio de Janeiro para melhorar a infraestrutura urbana, de forma que o público possa transitar facilmente sem ser afetado pelo cotidiano da cidade ou afetá-lo. Por essa razão, grande parte dessas obras são subterrâneas.
A começar pelo metrô. As seis novas estações que complementam a linha 4 foram projetadas para melhorar significativamente o acesso entre a zona sul e a Barra da Tijuca. Ao todo, são aproximadamente 16 km de extensão.
“O grande desafio nesse caso se concentrou na praia de Ipanema onde a perfuração foi feita em areia pura e abaixo do nível do mar. Engenheiros brasileiros e alemães trabalharam lado a lado para avançar com o desenvolvimento de uma solução híbrida que ajudasse a ampliar a aplicabilidade da máquina EPB”, conta o Professor Tarcísio Celestino, também presidente do CBT – Comitê Brasileiro de Túneis.A solução encontrada para melhorar o desempenho da EPB teve tamanha importância para o mercado que está entre os finalistas do ITA Awards 2016, um concurso internacional que tem o objetivo de reconhecer e premiar os maiores e mais destacados empreendimento que envolvem a aplicação e/ou uso de túneis e do espaço subterrâneo em condições extremas ou especiais, bem como inovadoras, seguras e que tragam benefícios para as comunidades onde se inserem tais soluções da indústria tuneleira mundial.
Outro grande feito da engenharia que a cidade do Rio de Janeiro recebeu foi o túnel Jacarepaguá ou túnel da Transolímpica, como é conhecido. A via, com 25 km de extensão fará a ligação da zona oeste ao bairro de Deodoro, reduzindo o tempo de viagem de duas horas para 30 minutos entre os bairros onde serão disputadas competições. Este já é o quinto túnel em extensão da cidade e o segundo no Maciço da Pedra Branca. O projeto ainda inclui a duplicação da Avenida Salvador Allende, além da abertura de novos caminhos pelo Maciço por meio da construção de outro túnel. Ao todo, a Transolímpica tem 18 estações e três terminais.
Maior túnel urbano brasileiro
Já o túnel Marcello Alencar com 3022 km de extensão ganhou a título de maior túnel urbano do país. O canteiro de obras foi instalado em 2012, e é uma das obras subterrâneas da Operação Urbana Porto Maravilha, símbolo internacional na atual década de operação de requalificação de uma área urbana com a utilização de soluções subterrâneas. O antigo elevado da Perimetral, perto da região portuária do Rio, foi substituído por uma nova malha viária e novos modais de transporte que contemplam 4 túneis que somam mais de 8 km de extensão na área de 5.000.000 m2 . Sua construção empregou tecnologias inéditas no Brasil, como o uso de fôrmas metálicas móveis em formato de arco, que permitiram revestir e moldar o concreto aplicado nas paredes do túnel. “A área do Porto Maravilha foi severamente degradada na década de 70 após a construção da via elevada ao longo da costa que bloqueava a famosa vista da Baía de Guanabara e o Pão de Açúcar. A revitalização despertou o mercado imobiliário da região e se tornou um grande foco para investimentos.”, relata o Professor Tarcísio.
No entorno do Maracanã também foi possível acompanhar a execução de outra importante obra subterrânea: um túnel “extravasor”, construído para levar as águas pluviais até a Baía de Guanabara.
Um dos principais desafios da obra foi a escavação em rochas, com uso de explosivos e baixo recobrimento sobre as edificações no centro do bairro São Cristovão, na zona urbana. Em 180 dias foram executados 611 metros de túnel com seção de 48 metros quadrados, 40 metros de galerias pré-moldadas e 36 metros de túnel sob a Avenida Brasil.
“É gratificante perceber que as obras subterrâneas têm contribuído tanto para mobilidade e para requalificação urbana do Rio de Janeiro para os jogos Olímpicos. Este é um grande passo para que outras cidades entendam os benefícios e passem a utilizar essas soluções,” comemora o Professor Tarcísio.