Durante o 1º Encuentro Latinoamericano de Asociaciones de Túneles y Espacios Subterráneos, realizado no Chile em dezembro passado, André Assis apresentou um amplo panorama sobre os avanços e as perspectivas das obras subterrâneas no Brasil. Assis já presidiu o Comitê Brasileiro de Túneis e Espaços Subterrâneos (CBT) da ABMS, a Associação Internacional de Túneis e do Espaço Subterrâneo (ITA) e a própria ABMS.
Assis começou destacando os principais projetos do passado. Relembrou o papel do Metrô de São Paulo, que completou 50 anos de operação em 2024. “O Metrô de São Paulo representa muito do futuro da engenharia de túneis no Brasil. O próprio governador anunciou que, até 2026, teremos mais 55 quilômetros de túneis em obras, metade de toda a rede atual. É um salto gigantesco”, afirmou.
Ele mencionou também outras grandes obras como as usinas hidrelétricas das décadas de 1980 e 1990 e a modernização da Rodovia dos Imigrantes, que foi a primeira grande rodovia a incorporar túneis modernos.
Projetos mais recentes, como a duplicação da Rodovia Tamoios e o contorno de Florianópolis, passaram a incorporar técnicas modernas, consolidando o Brasil como um país que alia aprendizado e tecnologia no setor.
As obras subterrâneas continuam avançando em todo o país. Segundo Assis, o Metrô de São Paulo segue na liderança, com as obras das linhas 2 e 6 em andamento. “Essas linhas somam mais de 21 quilômetros de túneis e estão ajudando a atender uma demanda crescente por transporte público eficiente e sustentável”, destacou.
Outro exemplo importante é o sistema de túneis em Brasília, que será inaugurado em breve, para controle de enchentes. Serão quase 10 quilômetros de túneis e reservatórios que vão ajudar a cidade a lidar com inundações.
O avanço das concessões foi outro ponto relevante destacado por André Assis. Após ajustes no modelo, o Brasil encontrou uma fórmula equilibrada para financiar obras subterrâneas, combinando investimento estatal com a participação do setor privado.
Olhando para o futuro, Assis destacou projetos inovadores, como a Linha 16 do Metrô de São Paulo. Segundo o engenheiro, essa linha será um exemplo global de sustentabilidade. Ele explica que estações com painéis solares irão gerar quase 40% da energia usada, e uma tuneladora de grande diâmetro permitirá usar os espaços extras para escritórios e estacionamentos.
Outro destaque é o túnel imerso Santos-Guarujá, que conectará as cidades com impacto mínimo ao meio ambiente. Além disso, o Brasil também se prepara para desafios maiores, como o trem de alta velocidade entre Rio de Janeiro e São Paulo, com mais de 250 quilômetros de túneis e viadutos planejados. “Esses projetos mostram como o país está inovando e aprendendo a lidar com os desafios da construção subterrânea”.
Para André Assis, o futuro das obras subterrâneas no Brasil é promissor. “Aprendemos a inovar, tanto em tecnologia quanto em financiamento. Hoje, temos exemplos que servem de referência para o mundo inteiro”, afirmou.