Geólogos do Metrô de São Paulo identificaram uma formação geológica inédita durante as investigações para o projeto básico da Linha 20-Rosa, na região da futura Estação Portugal, em Santo André. O achado envolve rochas metamórficas de médio a alto grau, como micaxistos, gnaisses e milonitos, que exigem atenção especial durante as escavações.
A descoberta marca um ponto importante para a engenharia subterrânea paulista, ao revelar características geológicas ainda não encontradas em outras obras metroviárias da capital. O subsolo da região apresenta formações do embasamento cristalino, com zonas fraturadas e materiais distintos, o que demanda novas soluções técnicas e ajustes nas tuneladoras que atuarão na escavação.
O geólogo Hugo Rocha, que atua há quase quatro décadas no Metrô, explicou que o traçado da Linha 20-Rosa atravessa diferentes tipos de solo ao longo do percurso. “Entre a Lapa e a Vila Madalena, teremos solo argiloso; já nas proximidades da rodovia dos Imigrantes, o perfil é rochoso, o que exigirá mais da máquina”, destacou.
Rocha esclareceu que o tipo de rocha identificado na região já era esperado e que, apesar de apresentar características até então não observadas em escavações metroviárias, não representa qualquer risco para o projeto. Segundo ele, a engenharia dispõe de meios para lidar com essas condições, e a identificação prévia do material é fundamental para garantir segurança e eficiência nas obras.
Ele também afirmou que, na região da futura Estação Portugal, o terreno apresenta uma formação rochosa enlameada, com tendência ao esfarelamento, exigindo cuidados adicionais para garantir a estabilidade das estruturas subterrâneas. “A geologia, quando reconhecida, revela possibilidades; se não reconhecida, determina desempenhos”, citou Rocha, lembrando a frase do geólogo Edezio Carvalho. “Tudo o que encontramos nas sondagens tem solução, o problema é quando não sabemos o que encontraremos na escavação. No nosso caso, estamos sabendo antes.”
De acordo com o Metrô, estão sendo executadas cerca de 700 sondagens desde o início do ano, e as informações coletadas serão incorporadas ao projeto básico, que servirá de base para o cronograma e para a definição do modelo econômico da nova linha.
Com 33 quilômetros de extensão, 24 estações e dois pátios de manutenção, a Linha 20-Rosa conectará Santo André e São Bernardo do Campo à zona oeste da capital, passando por regiões como Lapa, Pinheiros, Itaim Bibi e Moema.

